Miúdo  

Posted by David Martin

Como um miúdo corro por meu mundo fora, excêntrico extermino extravagantes inimigos, espalho dor o sabor do sombrio paladar… Sugo petrificadas gotas de oprimido sangue, o demónio nasce em mim, impuro busca encarnada ajuda, o controlo está além de meu alcance. Bate asas de penas peneirentas, vómito de deuses… Metal, doce metal, em minhas engrenagens corre alucinado sangue… Olho, sobre meus dedos escorrem meus amigos, que fiz eu? Que tempo perdi a ambicionar aquilo que já tinha, a ambição de uma maior felicidade… cegou-me, cego vagueio…

Perdi o toque de Zeus…
Minhas mãos… não mais são locomotiva de sensações… não mais são engenho de fingimento…
Morrer de sufoco indústria de negras nuvens sedentas de maldade…
Sou eu um espinho, não rosas, não orquídeas, sou um mar de silvas! Tojos entranhas em meu coração… morro mas morro na devoção!!
Minha mente, chapa metálica o som bate e refraciona-se em estonteantes sabores de dor… trrrrr tocam tambores angustiantes a meus ouvidos enlouquecem meu pensar de viver…

Meus olhos  

Posted by David Martin

Meus olhos sangram inundam o quarto, carnívoros beijos percorrem meu pútrido corpo são nostalgia de um dia. Atrás dos negros montes oculta-se a luminosa lua, o degredo grita histericamente por ela… enfim finalmente. Meus negros olhos, duas pérolas metálicas vermelhas choram sangue espiam o recolher do luar… perdem tonalidade, perdem raiva, perdem ódio…
Derrubam os montes, o luar rasga o céu em fúria, branco, branco, branco… ardem-me os olhos, choro mais uma vez ódio, rancor… grito lágrimas e sangue… sinto a força de mil demónios em minhas angélicas asas… em meus olhos… Volta a tonalidade, o brilho negro e a cor vermelha. Oh o negro vermelho, meus olhos… Oh a luz branca impura da lua…
Um louco amante me tornei, um cínico amante, um violento amante, sede de amor lateja em meus rosas lábios, pulsa em minha pele na minha alma, carne, espírito carnal… sofrem o abismal sufoco…
Procuro meu óbito coração…

Noite branca  

Posted by David Martin


Outra branca noite, outro negro serão passado em clarão, esta noite não penso em vós, penso apenas em nós. Imagino-vos junto de um irmão de sangue, Hipérion, vejo-vos na mente do meu apedrejado coração. Retiro vosso irmão do meu serão, ficais vós, sozinha, esquecida com um cobertor e café á espera de amor. Vedes o mundo corrompido, demonaicamente possuído, vedes o mar vivo, violento pronto a matar, cruel doce perdição do meu ser. Vejo-me, sou o ar, voo entre razões e emoções, desço vosso quente ardente, sedutor pescoço não meu, sinto vosso bater, bate por um amor amado, sarcasticamente rejeitado.
Meu pensamento afoga-se no imenso mar, sinto a dor… seja eu Hades, Zeus, Júpiter, Plutão ou Marte não resisto a vosso encantamento, bela Vénus, deusa do meu céu estrelado prateado, dourado, avermelhado, nobre planeta frustado.
Sois Téia bondosa filha de Urano e Gaia, doce Titã irradiada pelo sentimento da luz nobre acabada de nascer de vosso ser. Sois mãe da luz, minha tua, vossa, mãe do Deus Sol, mãe de Hélios, mãe da prateada Deusa Lua, mãe de bela Selene, mãe de Eos, mãe da Deusa Aurora… Pintais meu mundo de luz e carinho, suaves raios de luz invadem minha alma, manchada pela destreza do negro ser… Rezo por vós… Ó musa do amanhecer…
Enfim, desaparecer, numa névoa de fumo selvagem cegamente memorável…
Enfim, nascendo, vivendo, sugando vossa quente rústica aristocrata aurora…
Enfim, nascendo morrendo…

Odeio  

Posted by David Martin

Minha borboleta deusa de verdes asas azuis, musa dos ardentes céus escaldantes, deusa de meu mundo… deusa da luz, de mim, de nós, de vós deusa de tudo. Da penetrante paixão da devoção duma falsa ilusão.
Porque me haveis fechado a negra porta de vosso esfarrapado coração de puros farrapos? Suplico-vos abri-me a translúcida janela de vossa alma branca a meu espirito roedor de emoções predador de sensações…
As vermelhas encarnadas gotas de meu amor…
Borboleta pousas entre meus negros olhos de imaginação estaladiça cremosa detentora de todos meus ternurentos sonhos. Vejo-vos voando entre ares céus azuis sinto laminas de dor negra eufegante perfurando meu melacondo coração tenebroso… Não sou mais eu, sou um fluido, sou sangue sou rancor inrancorado personificado num corpo de não sei quem… Soltam-me as abatidas pupilas destrocem-me verdes rançosos nervos mastigam a minha maléfica alma cospem os meus sentimentos partem minha mente, fogem com o precioso quente amor, quebram barreiras quebram fronteiras transformam-me em pedra em metal… sou uma maquina… rango rugidos roucos… deixo escorrer sobre minhas engrenagens os fluidos de tempos já passados acabados em mãos sujas repletas de espinhos vividos, cortes sangue licor de ódio…
Odeio não vos odiar, odeio amar, odeio perdoar, odeio sentir tudo, odeio odeio odeio ó-ó-ó-ó cacos de vida… O mal do amor é amar em demasia….