Torre  

Posted by David Martin

Numa cidade perdida, negra cinzenta, fustigada pelos anos duradouros de paixões, de sangrentas desilusões, revoltas e manifestações… Abandonada pelas almas ternas bondosas, discrepantes, vividas loucamente ao sabor do fresco aroma do mar, aconchegadas pelo formoso luar das brilhantes azuladas imaculadas estrelas doiradas. A cidade que outrora fora o berço de espíritos místicos aristocratas, é agora a nascente de espíritos carregados por cinzas prateadas… que banham e tingem o berço, o coração da minha nação…
Um cemitério abandonado, logrado por almas penadas é o espelho de toda a praça… ao lado do vasto negro arrepiante campo-santo, presente timidamente penetrante, se encontra a gasta fúnebre sinistra Mansão da Vida, que eleva sobre si uma intensa nefanda Torre Branca… Na Branca Torre assisto á aurora negra que invade toda a lastimosa severa desgostosa triste odiosa cidadela, contemplo um novo nascer, sou testemunha de brotares da escuridão ao som de ruidosos bateres ofegantes, pouco estranhos tegulares. Irradio-o o mar caótico de almas com melodias presas ao puro sofrimento, arrependimento de origem privada manchada pela saudosa fugaz deprimente aliança quebrada…
Deduzo-vos na fria névoa portadora de meigas afectuosas imperfeições amadas e rejeitadas por um melífluo ridículo senhor… Desejo-lhe nada mais que a encantadora negra morte preta…
Aprecio a bruma espessa junto a mim… gota a gota desfalece, esmorece… torna insuportável o suportável. Perdi a noção do tempo, deambulo por caminhos finitos sangrentos como meu coração, escrevo, sou uma maquina face a outra maquina que sangra textos e dedos de tanto fulgor. Sou uma orgia de sensações… recordações…



tegula (latim) – tecla

This entry was posted on 06/05/2009 at 15:35 . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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